Na última edição, embora vários temas atuais tenham aparecido na prova, apenas uma questão, sobre os interesses envolvidos na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, exigia estritamente o acompanhamento do noticiário – um assunto que provavelmente não foi discutido em todas as escolas do País. Professores afirmam que estar atento às notícias desenvolve a capacidade crítica dos estudantes e a habilidade de analisar, relacionar, comparar e compreender fatos históricos, mas muitas questões abordam as atualidades apenas como ponto de partida para cobrar outros conhecimentos.
Trinta e nove das 180 questões do último Enem trouxeram notícias, gráficos e imagens publicados ou acessados em sites da internet nos meses que antecederam ao exame. No entanto, serviam apenas como base para as perguntas, não exigiam que o candidato dominasse o assunto para encontrar a alternativa correta. Em uma delas, por exemplo, havia uma notícia sobre a morte de animais no zoológico de São Paulo, envenenados por monofluoracetato de sódio. A questão perguntava por meio de qual processo químico a substância poderia ser obtida.
Outra questão mostrava um infográfico, publicado em 2010 em uma revista, que representava os processos de captação da forma mais limpa de energia (gerada a partir do calor do magma). “Parte das competências cobradas estão relacionadas ao momento em que vivemos. Mas ler atualidades não garante que você irá conseguir resolvê-las”, destaca Mateus Prado, colunista do iG e presidente do Instituto Henfil. Porém, quem lê notícias tem mais capacidade de relacionar fatos e interpretar textos e gráficos, habilidades cobradas em todas as provas.
Fernando Rodrigues, professor de história e geo-política do Cursinho da Poli, avalia que mesmo sendo possível resolver as questões atuais com interpretação, vale a pena dominar os principais assuntos do noticiário. “O estudante irá se sentir mais confortável para resolver a questão”, diz.
Possíveis temas
Assuntos que permitem diversas formas de abordagem são fortes candidatos a cair no Enem e devem ser priorizados pelos estudantes. A morte de Osama bin Laden, por exemplo, está relacionada com os atentados de 11 de setembro, com as intervenções dos EUA em países islâmicos e com a conjuntura do Oriente Médio. “É um assunto que pode aparecer tanto na parte mais ligada à Geografia ou a História”, aposta Rodrigues.
A crise econômica dos Estados Unidos, iniciada em 2008 e com reflexos na economia do mundo inteiro, também é um assunto com “cara de Enem”, avalia o professor do Cursinho da Poli. O terremoto seguido de tsunami no Japão pode aparecer em uma questão de Matemática que exija o conhecimento de escalas, lembra Prado.
A implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nas favelas do Rio de Janeiro também é um tema quente que pode vir no próximo exame, já que entre as competências e habilidades estão vida urbana, redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial.
Também são apostas a posse da presidenta Dilma Rousseff e o papel da mulher da sociedade contemporânea, os conflitos no Oriente Médio e a luta pela democracia e pelos direitos humanos no mundo árabe.
“Assuntos de cunho social e atuais costumam ser tema da redação do Enem”, lembra o coordenador de vestibular do cursinho Anglo, Alberto Francisco do Nascimento. Na última prova, os estudantes tiveram que escrever uma dissertação sobre trabalho escravo. Os textos de apoio eram trechos de reportagens acessadas em setembro de 2010.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br
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